Pedro Fiuza nasceu em mil novecentos e oitenta. Ainda é cedo para qualquer nota biográfica.

texto 9

Com a minha ânsia de soldado

Criei uma guerra no corpo

Interminável

Um combate dialéctico entre mim

E o que a mim se colou com o tempo

Revoltei já a fome e os olhos

Vou subvertendo os pulmões e o cérebro

Por vezes penso pôr um fim como objectivo

Esta minha guerra esta minha revolta

A eternidade dos sentidos

A morte morte morte lutar contra o que está fora

Cá dentro quero estar apenas eu

Nego todo o mundo todas as invasões físicas

Estou pronto para abater as minhas mãos a minha língua

Sei que um dia abandonarei os meus pés gastos

Os meus passos lentos de soldado sem vista

Sem volta

A tortura que obriga a fome a ser fome

A minha cara ficará sem expressão

O meu corpo invisível

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