Pedro Fiuza nasceu em mil novecentos e oitenta. Ainda é cedo para qualquer nota biográfica.

texto 5

É uma cidade. Há o ritmo. Ruas com as suas casas com as suas portas com as suas grandes janelas de vidro. É uma cabeça. Uma solidão. Primeiro é apenas uma sombra. Uma cabeça que vai ganhando a sua última forma. Há uma quebra no ritmo. A cidade desaparece. Só há a cabeça. Definitiva na forma. É uma cabeça negra. Através do vidro. Encostada ao vidro. Certamente frio. Nas imagens da infância seriam uma cabeça e um gato. A infância. Uma velha e um gato. É demasiado fácil viver um sonho. É a cabeça. Quero voltar à cidade. As ruas e as casas e as portas e as janelas. Nenhuma cabeça desta vez. Quero voltar ao ritmo. Cidade. Solidão nenhuma. Segredo nenhum. A cidade grita-se. A cidade revela o seu lado de sombras. É a luz. Sem luz não há sombra. A cidade percebe-se dentro de si. É um esquema matemático. O ritmo. Todas as coisas têm o seu ritmo. A infância é lenta até que de repente passa. Simplesmente passa. Depois é tarde. Os fantasmas. Todos. Bons e maus. Fantasmas. É o ritmo do depois das coisas. Aquilo que fica a fazer parte das coisas. É o início. É quando se cria o problema. É uma questão de problema. É tudo uma questão de problema. É tudo uma questão da resolução do problema. Em busca da resolução. Ou partir. Ou permanecer. Nada é previamente dado. Ponto.


Sem comentários: